No período de 9 a 14 de agosto, Manaus e Parintins recebem a 22ª edição do Sonora Brasil Sesc, que neste ano traz o tema “A Música dos Povos Originários do Brasil”. Esse, consoante com o objetivo do projeto de difundir a diversidade da música brasileira a partir de recortes temáticos que abordam aspectos de seu desenvolvimento, com especial atenção à música de tradição.

Todos os espetáculos têm a entrada gratuita.

Confira, abaixo, o cronograma com as  apresentações:

Grupo DZUBUCUÁ do Povo Kariri-Xocó e Grupo MEMÓRIA FULNI-Ô do Povo Fulni-ô

Os Kariri-Xocó vivem na região do baixo São Francisco em Alagoas e, em 2010, somavam cerca de 2000 indivíduos. A música tradicional dos Kariri-Xocó, o toré é um ritual indígena mágico-espiritual, que envolve performance corporal e música. Os torés tradicionais não têm letras e utilizam os buzos (espécie de flauta), maracás de mão e de tornozelos. No repertório, além dos torés, estão os rojões, que já fazem parte da tradição musical deste povo e são um reflexo do trabalho nas fazendas e da dinâmica de trocas culturais ocorridas na região. As letras cantadas em português possibilitam conhecer um pouco da história do povo, falando do cotidiano dos indígenas nas colheitas ou nos dias atuais, ou trazendo sincretismos religiosos e remetendo ao tempo da colonização quando eram obrigados a praticar suas tradições secretamente.

As músicas tradicionais do povo Fulni-ô são o toré e a cafurna. O Toré é um ritual sagrado, o cântico coletivo sem letra é o único canto que usa instrumentos de sopro junto à percussão e que segundo seus praticantes é o mais antigo dos Fulni-ô. O toré afirma a união e é praticado em ocasiões especiais. As cafurnas, em yaathe unakesa, são manifestações de sentido múltiplo, pois se referem à dança, à música, aos modos de cantar, à profecia, ao estilo e tradição e à estética. São cantadas e acompanhadas de maracás de mão e de tornozelo e retratam a realidade e o contexto indígena, tratando de temas que abrangem aspectos como preservação da natureza, reverência aos animais da região e identidade indígena.

Classificação etária:

Apresentações

Manaus
Dia 9 de agosto;
Teatro da Instalação;
Às 19h.

Parintins
Dia 11 de agosto;
Liceu de Artes Cláudio Santoro, Sala multiuso, 5º andar;
Às 19h.

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Grupo WAGÔH PAKOB do Povo Paiter Surui e Grupo OPOK PYHOPOK do Povo Karitianas

Constituído por uma população de aproximadamente 1500 pessoas, pertencentes às linhagens clânicas Gãmeb (marimbondo preto), Gãpgir (marimbondo amarelo), Makor (taboca) e Kaban (fruta azeda mirindiba), o povo Paiter Surui vive em Rondônia, na terra indígena Sete de Setembro, dividindo-se em 27 aldeias localizadas pelas “linhas” onde estão situadas. Os Paiter Surui são conhecidos como um povo cantor que também gosta muito de contar histórias. Além das canções tradicionais relacionadas aos rituais, que relatam narrativas míticas e relembram momentos da história dos Paiter ou que retratam tarefas do cotidiano, os Paiter têm canções atribuídas à criação individual e cantadas somente por seus criadores. Os Paiter utilizam michãngab (maracas de tornozelo) e o wãab (flautas), instrumento de sopro.

A música tradicional do povo Karitiana é fortemente relacionada ao sagrado. Os anciãos são enfáticos nas orientações sobre a execução dos cânticos de proteção e de aplicação de remédios pelo pajé, que, por exemplo, devem ser cantados sempre da mesma forma e sem os instrumentos de sopro. A sua festa mais tradicional é o ritual da chicha, bebida feita exclusivamente pelas mulheres, a partir de milho ou mandioca fermentada. A chicha serve para a limpeza do organismo e após intenso consumo da bebida os homens utilizam uma tora de madeira chamada jepyryn pressionada na boca do estômago para provocar o vômito. Na festa da chicha, as mulheres tocam o pilão, os homens dançam e tocam o jewy, espécie de clarinete feito de taquaruçu e o marará.

Classificação etária:

Apresentações:

Manaus
Dia 10 de agosto;
Teatro da Instalação;
Às 19h.

Parintins
Dia 12 de agosto;
Liceu de Artes Cláudio Santoro, Sala multiuso, 5º andar;
Às 19h.

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Grupo TEKO GUARANI do Povo Guarani MBYÁ-Guarani e Grupo NÓG GÃ DO Povo Kaingang

O grupo Teko Guarani está localizado na Aldeia Tekoa Anhetenguá na Lomba do Pinheiro em Porto Alegre, onde vivem 16 famílias Mbyá-Guarani. É um coral infantojuvenil que tem por característica a força e o brilho vocal. Utilizam o mbaraká (violão) com cinco cordas, cada corda representa uma divindade Mbyá: Tupã, Kuaray, Karaí, Jakairá e Tupã Mirim. O ravé (violino/rabeca) possui três cordas e segundo alguns relatos é um instrumento de invenção indígena, posteriormente aperfeiçoado pelos juruá (não indígenas). O mbaraká miri (chocalho) e o angu´á pú (tambor) têm funções primordiais na sustentação do andamento e ritmo musicais, além da importância no estabelecimento da conexão com as divindades.

O grupo Nóg gã é composto por indígenas de diversas aldeias Kaingang da região de São Leopoldo no Rio Grande do Sul. Os Kaingangs habitam o Sul e o Sudeste do Brasil há séculos. A população é composta atualmente por, aproximadamente, 30 mil pessoas que vivem em cerca de 30 diferentes áreas nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Através das pinturas corporais, utilizando linhas e formas circulares, é possível identificar quem são os KAMÉ (marcas compridas) e os KAIRÚ (marcas redondas). Esta distinção definirá as formas de relacionamentos e contato entre as duas partes. Durante a apresentação realizada no Sonora Brasil, os Kaingangs utilizarão as lanças de guerra como instrumento percussivo. Em contato ao chão, realizam simbolicamente uma demarcação e embasam ritmicamente as marcas coreográficas.

Classificação etária:

Apresentações:

Manaus
Dia 11 de agosto;
Café Teatro;
Às 19h.

Parintins
Dia 13 de agosto;
Liceu de Artes Cláudio Santoro, Sala multiuso, 5º andar;
Às 19h.

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Grupo WIYAE

O grupo Wiyae, que significa canto na língua Tikuna, foi criado especialmente para o projeto Sonora Brasil. É formado por Djuena Tikuna (nascida em Umariaçu, nas “fronteiras” do Brasil, Peru e Colômbia, Djuena —“a onça que pula no rio”— canta a cultura do seu povo, mantendo viva a sua história), Magda Pucci (cantora, arranjadora, compositora, educadora musical e pesquisadora das músicas de vários povos há 23 anos. Diretora musical do Mawaca, grupo de São Paulo que recria músicas de diferentes tradições do mundo), Diego Janatã (maranhense que tem viajado por diversas comunidades indígenas, por todo o Brasil, pesquisando e registrando a musicalidade dos povos das florestas e também o som dos tambores das comunidades quilombolas e tradicionais do Maranhão e de outras partes da Amazônia) e Gabriel Levy (arranjador, compositor, educador e produtor musical. É acordeonista do Mawaca e já atuou em shows e álbuns ao lado de importantes artistas brasileiros dos mais diferentes estilos). No repertório, além de músicas do povo Tikuna, estão composições próprias e músicas de outros povos indígenas recolhidos em pesquisas, que serão apresentadas a partir de recriações e arranjos artísticos.

Classificação etária:

Apresentações:

Manaus
Dia 12 de agosto;
Teatro Amazonas;
Às 20h.

Parintins
Dia 14 de agosto;
Liceu de Artes Cláudio Santoro, Sala multiuso, 5º andar;
Às 19h.

O Teatro da Instalação fica localizado na rua Frei José dos Inocentes, s/n, Centro, o Teatro Amazonas na av. Eduardo Ribeiro, Centro e o Café Teatro na av. 7 de Setembro, 377, Centro. O Liceu de Artes e Ofícios Cláudio Santoro fica na rua Nações Unidas, s/n, Centro, Parintins.